sábado, 25 de novembro de 2017

PAULISTÃO 1979: UMA NOVA ERA PARA O CORINTHIANS.

Paulistão 1979
Quando um conjunto musical lança um disco de muito sucesso, o desafio que vem a seguir é o de manter o nome em evidência ao lançar o disco seguinte. Fazer sucesso é, relativamente, fácil... o difícil é mantê-lo.
O Corinthians perseguiu tanto a conquista do título que daria fim ao jejum de 23 anos sem ganhar nada que, agora, precisava mostrar que a fila tinha, realmente, acabado.
E, para isso, precisou de um ano inteiro para sair da ressaca, se reorganizar, planejar um novo time, com contratações novas, etc.
Durante o ano de 1978, o Corinthians comprou a revelação do Botafogo de Ribeirão Preto, o Sócrates. Doutor Sócrates, como era chamado. E trouxe, também, um tal de "Lero-Lero"... esse último, um furacão que passou pelo clube. O zagueiro Amaral, contratado junto ao Guarani de Campinas também foi destaque.
Enfim, o Corinthians tinha um belo elenco, formava um belo time e, com a desistência de disputar o desorganizado Brasileirão daquele ano (ao lado de Santos e São Paulo), o Corinthians focou no Paulistão: precisava conquistar o título para se firmar novamente.
Grandes equipes no certame. Santos com os meninos da Vila, defendia o título conquistado no ano anterior. São Paulo já montava o time base do que viria a ser o bi campeão nos dois anos seguintes. Palmeiras montou um timaço. E ainda tínhamos Guarani, campeão brasileiro de 78 e Ponte Preta, sempre forte.
O campeonato foi tão equilibrado, que o Corinthians chegou a engatar uma sequência de seis (06) jogos sem vitórias, sendo tres (03) derrotas. O Corinthians quebrou essa sequência ao vencer o freguês São Paulo. Obrigado, São Paulo, sempre nos proporcionando momentos hilários.
A dupla Sócrates/ Palhinha se entenderam muito bem. O entrosamento entre os dois garantiam o bom futebol do time. A defesa, conhecida, na época, como "Muralha Negra" (Jairo, Zé Maria, Mauro, Amaral, Wladimir e Caçapava) era praticamente intransponível.

Paulistão 1979
A disputa do campeonato era feita de turno e returno, com todos jogando contra todos, porém, os times estavam divididos em quatro grupos com cinco clubes cada. Coisas estapafúrdias da Federação Paulista de Futebol (como sempre), afinal, classificavam-se, para uma próxima fase, os tres primeiros de cada grupo e, claro, teve time que ficou em quarto lugar no grupo, não se classificou, mas somou mais pontos do que clubes de outros grupos que, ao ficarem entre os tres, passaram pra próxima fase. FPF sempre bizarro.

Na próxima fase, os 12 clubes foram divididos em dois grupos e os jogos aconteceriam entre as equipes do próprio grupo em turno único.
O Corinthians, líder de seu grupo na primeira fase, o grupo A, ficou no grupo "01", ao lado de Ponte Preta, São Paulo, Botafogo, Ferroviária e América.
Classificavam-se dois clubes de cada grupo para a disputa das semi-finais.
O Corinthians, ao lado da Ponte Preta, se classificou.

É aí que aconteceu o "causo" do campeonato. Ao marcar rodada dupla no Morumbi (os jogos seriam Palmeiras X Guarani e, logo depois, Corinthians X Ponte Preta, algo que não conseguimos imaginar nos dias de hoje), o então presidente do Corinthians, Vicente Matheus, entrou com uma ação para que não acontecesse a rodada, alegando que o Corinthians teria renda muito maior do que os outros tres clubes juntos. O que não deixa de ser uma verdade.
A mídia, até hoje, diz que Matheus melou o campeonato por achar as outras equipes mais fortes do que o Timão, mas, não é verdade. O que Matheus brigava tinha fundamento. Realmente, os outros clubes não tinham o direito de mamar na renda corintiana. Cada um com a torcida que tem. O Corinthians, realmente, não podia mais ficar pagando a conta para os outros clubes. Chega disso. Vicente Matheus estava, mais uma vez, um passo à frente de todos os outros.
Gol de canela de Biro Biro desclassifica o Palmeiras,
do "pé frio" Telê Santana.
Porém, com a falta de "peito", principalmente do Palmeiras, para encarar os desmanzelos  da dona CBF ao organizar o desorganizado Campeonato Brasileiro de 1979, o Paulistão teve que parar para esperar a disputa do Nacional, para, então, disputar as suas finais. O que ocorreu em janeiro de 1980.
Na semi-final, Corinthians e Palmeiras de um lado e Ponte Preta e Guarani do outro. Já imaginou isso? Sensacional semi final do Paulistão, com história poucas vezes contadas até hoje.
No jogo de ida contra o rival verde, igualdade no placar: 1 a 1.
No jogo de volta, o gol chorado de Biro Biro, o tal de "Lero-Lero" do presidente Vicente Matheus, carimbou a passagem do Timão pra final contra a Macaca, que desclassificou o arqui-rival Guarani.
Repetia-se, então, a final de dois anos atrás. Corinthians e Ponte Preta entraram no Morumbi pra fazer a primeira das tres partidas: 1 a 0, gol de Palhinha.
Partida número 02: 0 a 0.
Na finalíssima, o Corinthians venceu e convenceu: 2 a 0, com gols de suas estrelas Sócrates e Palhinha. Craque marca gol em final.
O Corinthians realmente se livrava de sua sina, apagava, definitivamente, a fase mais negra de sua história e consolidava o seu ressurgimento para o mundo de glórias.

Time base:
Jairo; Zé Maria, Mauro, Amaral e Wladimir; Caçapava e Biro Biro; Sócrates, Palhinha, Píter e Romeu Cambalhota.
Técnico: Jorge Vieira.

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