No dia 06 de dezembro de 1990, há exatos 27 anos atrás, o Corinthians entrava para disputar o primeiro jogo da semi-final do Campeonato Brasileiro contra o Bahia, no Pacaembu.
Era uma quinta-feira com noite quente. Havia chovido à tarde na cidade de São Paulo, típico da época.
O Corinthians, que havia se classificado de forma heroica contra o Atlético/MG enfrentava o
ótimo time do Bahia, do artilheiro do campeonato Charles.
Mauro: recuado para a ala esquerda (foto: Gazeta). |
O Corinthians precisava reverter a vantagem do time baiano.
Nas arquibancadas, 40.000 pagantes. Houve reclamação por parte da diretoria corintiana, afinal, foi durante a semana que os órgãos competentes limitaram o número de torcedores liberados para assistir a partida. Até então, o Pacaembu suportava 70.000 pessoas. E o Corinthians, claro, mantinha a média record do estádio.
Mas, pra essa partida, passou a receber 40.000. Um indignado Vicente Matheus, então presidente do Timão, bradava sobre o ocorrido, levantando suspeitas das mais diversas.
Esse era o nosso presidente.
Quarenta mil pessoas no estádio (números oficiais). Outras quarenta mil na Praça Charles Muller (números da Polícia Militar).
O caldeirão estava pronto. Faltava tocar o fogo.
O Corinthians entrou com um esquema tático arrojado, corajoso. Nelsinho Baptista entrou para vencer o jogo e garantir logo a classificação. Não queria voltar a viver a emoção que foi a disputa anterior.
Paulo Sérgio jogou muito na nova função (foto: Gazeta). |
Nelsinho sacou o lateral esquerdo Jacenir, recuou o meia Mauro (que, durante o campeonato jogou como terceiro volante) para jogar de ala e colocou Paulo Sérgio como falso centroavante (o Corinthians não jogou com centroavante durante o campeonato todo), que atacava e voltava e liberava o meia Neto para poder jogar sem precisar marcar.
O time começou o jogo querendo sufocar o Bahia, porém, uma falta de Márcio em Luís Henrique perto da grande área, deu a chance de Wagner Basílio (ex-Corinthians) chutar com força no canto direito de Ronaldo e abrir o placar do jogo aos dois minutos do primeiro tempo.
Um balde de água fria para a torcida, que sentiu o golpe momentaneamente, mas que começou a cantar assim que percebeu que o time ficara cabisbaixo.
Agora não tinha mais volta. O Timão tinha que encarar o adversário e tentar virar o jogo.
E foi pra cima.
Mauro perdeu uma chance bacana. Paulo Sérgio acertou cabeçada na trave.
O Bahia até teve uma chance com Naldinho, num passe espetacular de Charles, mas Ronaldo abafou muito bem.
Mas, aos nove minutos, Neto bateu falta perfeita, que foi defendida milagrosamente pelo goleiro baiano Chico. Na cobrança deste escanteio, Neto jogou no segundo pau, Giba cabeceou para o meio da área e, na fissura de querer tirar a bola, Paulo Rodrigues fez contra. E, aos dez minutos do primeiro tempo, o Corinthians empatava a partida.
O gol foi dado ao lateral Giba.
A Bandeirantes perdeu o momento do gol na sua transmissão, pois passava o replay da falta. E era irritante escutar o narrador torcendo claramente contra o Timão.
Mas, com o gol, alivio naquele momento. O Corinthians acalmou e botou a bola no chão.
O que se viu, a partir de então, foi uma aula de futebol que o Timão deu. O novo esquema do técnico Nelsinho funcionou bem. Paulo Sérgio incomodava e ele, mais Tupãzinho e Fabinho, infernizavam o goleiro do Bahia.
O goleiro Chico era o nome do jogo. Fechou o gol. Parecia que nada mais passaria por ele.
Parecia...
No segundo tempo, o Corinthians voltou com fome de bola e pressionou muito. A defesa do
Bahia caiu na armadilha corintiana e cometeu falta ali, onde o craque gostava, na cabeça da grande área, pela direita do ataque alvinegro.
Neto, o dono do campeonato. Fez chover no Pacaembu (foto: Gazeta). |
A chuva fina caía naquele momento. A eletricidade da torcida invadia o campo. Dezoito minutos do segundo tempo, aquele era o momento.
Neto ajeitou a bola, se concentrou, arrumou o calção, observou a posição da barreira e do goleiro... e o tempo parou. Parecia congelar. A expectativa pairava no ar. Parece que aquele momento nunca acabou.
Com perfeição, o camisa 10 colocou no canto direito do goleiro, fazendo a bola quicar no gramado molhado antes de chegar ao goleiro e morrer calma e maravilhosa dentro do gol adversário.
O Corinthians virava o jogo. Revertia a vantagem, que era do clube baiano.
Mesmo perdendo dois gols incríveis, com Tupãzinho e Paulo Sérgio, a vitória era mais do que satisfatória, mesmo que mínima.
O Corinthians iria se segurar jogando na Bahia o jogo de volta.
Nelsinho tirou Neto de campo, esgotado, entregue. Colocou Ezequiel.
O time se fechou. E garantiu o 2 a 1.
No jogo de volta, 0 a 0 na Fonte Nova, em Salvador e o Corinthians conquistava o direito de disputar a final do Brasileirão, na qual se sagrou campeão.
FICHA TÉCNICA
CORINTHIANS: Ronaldo; Giba, Marcelo, Guinei e Wílson Mano; Márcio, Tupãzinho e Neto (Ezequiel); Fabinho, Paulo Sérgio e Mauro. Téc.: Nelsinho
BAHIA: Chico; Maílson, Jorginho, Wágner Basílio e Gléber; Paulo Rodrigues, Gil e Luís Henrique (Mazinho); Naldinho, Charles e Marqinhos (Hélio). Téc.: Candinho
Local: Estádio do Pacaembu - São Paulo (SP)
Data: 06/12/1990
Árbitro: Joaquim Gregório dos Santos Filho
Público: 40.000
Renda: Cr$ 24.566.500,00
Gol: Wágner Basílio (2 - 1º), Paulo Rodrigues (contra) (12 - 1º) e Neto (18 - 2º)
Transmissão TV Bandeirantes:
Narração: Silvio Luis
Narração: Silvio Luis
Cometários: Mário Sérgio
Repórteres de campo: José Luís Datena e Olivério Junior.
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