quarta-feira, 29 de novembro de 2017

1988: DE UM TIME DESACREDITADO, PARA A GLÓRIA DA CONQUISTA (Parte #01)

Paulista 1988
Parece que já escutamos esta história... a tal da quarta força.
O ano de 1988 começou com o Corinthians totalmente desacreditado, afinal, havia terminado pessimamente a sua participação na Copa União de 1987, ficando entre os últimos colocados do certame.
Em 88, perdeu algumas peças do time, dentre as quais, o goleiro Valdir Peres, o volante Eduardo Amorim (jogador histórico no clube) e o ponta Jorginho.
Mas, a diretoria contratou. A perda de Valdir não foi sentida, uma vez que o Corinthians contava com o grande goleiro Carlos, titular na última Copa do Mundo. A saída de Jorginho abriu espaço para a contratação do ponta-esquerda Paulinho, junto ao Fluminense do Rio.
Para suprir a falta do experiente volante, Márcio, prata da casa.
Ainda do Rio de Janeiro, chegou o zagueirão Denílson, ex-América/RJ, que substituiu o histórico Mauro, que fora vendido no final do ano anterior.
Durante o campeonato, a diretoria ainda contratou o ponta direita Paulinho Gaúcho.
E, mais uma vez, manteve a base e mesclou com os jovens talentos que o Terrão do Parque São Jorge produzia: o já citado Márcio (Bittencourt), o goleiro Ronaldo, o zagueiro Marcelo Djan, o atacante Marcos Roberto e os novatos, que subiam naquele ano, Edmundo, Dama, Viola, Ari Bazão e Ailton.
Do time do ano anterior, permaneceram Carlos, Edson, Edmar, João Paulo, Everton e o lateral esquerdo Dida. Fato curioso do Dida é que ele jogava como lateral esquerdo sem ser canhoto.
No banco, um novo treinador: Jair Pereira.
Contra o São Paulo, na estréia, Ronaldo, o melhor em campo.
E, claro, tínhamos Biro-Biro, um dos maiores ídolos da história do Corinthians.

O ano começou com um amistoso entre o Timão e o Santos no Pacaembu. Seria um ótimo teste para os comandados de Jair, inclusive do goleiro Ronaldo, que fazia a sua estréia com a camisa profissional do Corinthians, já que Carlos começou o ano contundido.
O Timão venceu por 1 a 0, gol de Éverton. Éverton que seria um grande nome durante o campeonato.

Edmar. Trocou o título por uma excursão
da seleção brasileira que não representou nada.
E vamos à ele. Logo na estréia, jogo entre campeão e vice do ano anterior, São Paulo e Corinthians. Com uma raça comum para grandes times do Corinthians, a vitória por 2 a 1, com direito a show de bola do garoto Ronaldo debaixo das traves, inclusive, defendendo pênalti de Dario Pereyra, deu a confiança necessária ao time.
Edmar e Wilson Mano foram os autores dos gols corintianos. Edvaldo descontou para os são paulinos.
Mesmo com atuações convincentes e seguras, após uma falha normal de um goleiro inexperiente contra o XV de Jaú, na quinta rodada, fez com que Ronaldo voltasse ao banco, já que o espetacular goleiro Carlos já juntava condições físicas para atuar em alto nível. E assim o fez.
Carlos foi um leão debaixo das traves durante todo o campeonato, garantindo o time com defesas espetaculares ao longo do campeonato.
Se Carlos garantia lá atrás, o ataque também fazia a sua parte.
Edmar foi o artilheiro do campeonato todo, até servir a seleção brasileira em uma tosca excursão pela Europa e perder toda a fase semi-final e os jogos que decidiram o campeonato. Edmar não só perdeu a artilharia, como assistiu, na concentração da seleção, lá na Europa, o Timão sendo campeão com o gol do Viola. 
Coisas de Brasil.
Edmar não voltou ao Corinthians. Foi defender o Pescara, da Itália.

Já a história do meia Everton foi diferente. No início do ano, quase foi negociado. O clube que mais demonstrava interesse no meia era o Fluminense. Amargou um tempo na reserva (perdeu o seu lugar no time para o novato Edmundo, prata da casa), foi profissional o suficiente para esperar a sua vez e, na décima quarta rodada, entrou, no segundo tempo, para fazer a diferença pro time e marcar o gol da vitória, o único do jogo, diante do monstro Tonho, goleiro do Santo André.
Everton retomou a confiança e a sua titularidade e foi peça importantíssima na conquista do título.

Paulinho, o carioca, que se tornou Paulinho Carioca, por conta da contratação do outro Paulinho, o gaúcho, se adaptou bem ao estilo de jogo paulista. Mostrou raça e foi titular absoluto nos jogos. João Paulo, por conta disso, passou a jogar de meia esquerda e até um falso centroavante, após Edmar deixar o time por conta da seleção e após a contusão de Marcos Roberto.
Éverton comemora, ao lado dos companheiros, o seu gol contra o
Santos, na partida que classificou o Corinthians pra final do campeonato.
O meio com Márcio/ Biro-Biro e Everton/ João Paulo funcionou bem e alimentou bem o ataque, formado, na fase inicial, por Edmar e Paulinho Carioca - na fase final, Marcos Roberto (até se contundir) - além de dar segurança à defesa, muito bem postada  com Carlos, Edson, Marcelo Djan, Denílson e Dida. Eles seguravam as pontas.

O campeonato, como a FPF adora inventar, aconteceu da seguinte forma: vinte clubes divididos em dois grupos, A e B. Jogavam entre si e classificavam-se os quatro primeiros de cada grupo, para, na fase semi-final, serem distribuídos, conforme índice técnicos, em dois grupos, também chamados de A e B.
Curiosamente, o grupo A contou somente com clubes do interior: Guarani, o surpreendente São José (do técnico campeão brasileiro de 87 Leão), Internacional de Limeira e XV de Jaú. Já o grupo B, contou com os quatro grandes do estado: Corinthians, Santos, São Paulo e Palmeiras.
Portuguesa não conseguiu se classificar entre os oito.
As equipes de cada grupo se enfrentavam com jogos de ida e volta.
Desses dois grupos da fase semi-final, classificava-se apenas o primeiro colocado de cada grupo para disputar a finalíssima, também em jogos de ida e volta.


(continua)

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