quinta-feira, 30 de novembro de 2017

1988: DE UM TIME DESACREDITADO, PARA A GLÓRIA DA CONQUISTA (Parte #02)

Continuando a história dessa sensacional conquista do Paulistão de 1988.
O Corinthians estreou na semi-final jogando contra o São Paulo, no Pacaembu e, após sair perdendo por 2 a 0 (gols de Muller e Raí), o Timão foi buscar o empate com dois de Éverton. O primeiro, de cabeça, aos 37 do segundo tempo. O empate saiu aos 43, na loucura do então goleiro Rojas, que deixou a área para interceptar a bola que já estava, praticamente, no domínio do meia. Éverton tocou por cobertura e a bola morreu mansa nas redes do adversário, fazendo explodir a torcida, fazendo o frio goleiro Carlos se jogar no chão para comemorar e o time todo se transbordar em alegria.
Os jornais estampavam a manchete heroica do Timão.
O próprio Éverton, ao final do jogo, declarou nunca ter visto, em clube nenhum em que jogou, tamanha vibração vindo da arquibancada, que o apoio ininterrupto da torcida foi fundamental para a equipe buscar o resultado e desabafou: " - Aqui não tem bola perdida... é o espírito corintiano, entendeu? E todo mundo colocou, dentro de campo, este amor pelo Corinthians.".
Amor. Só o amor pelo Corinthians podia explicar tamanha manifestação que vinha das arquibancadas e invadia o campo, explodindo no peito de cada guerreiro jogador que vestia o manto sagrado de Parque São Jorge.
Na rodada seguinte, uma quarta feira fria no Pacaembu, um ressacado Corinthians enfrentava o Palmeiras, que havia empatado na primeira rodada contra o Santos.
Um jogo morno, sem muita vibração e o insosso zero teimou em não sair do placar.
Porém, no outro jogo, o São Paulo venceu o Santos e ficou com um ponto na frente do Corinthians na classificação.
Mas, mais emoção estava reservado para o domingo seguinte.
No Morumbi, Corinthians e Santos se enfrentaram. Um jogaço, com o Santos abrindo o placar, logo no início do jogo, com Mendonça.
Serginho Chulapa se estranha com o zagueiro Dama e os dois são expulsos. Logo depois, João Paulo empata para o Corinthians, num golaço de muita raça.
Na virada para o segundo tempo, César Ferreira pega um chute de bico, da meia lua da grande área e abre 2 a 1.
Aí, entrou, mais uma vez, o espírito corintiano em campo.
Corinthians emocionante.

Biro-Biro se joga na bola, num bate e rebate dentro da área, para empurrá-la para dentro e empatar novamente. E, já no apagar das luzes, uma cobrança de falta perfeita de João Paulo na cabeça do meia Éverton resulta no terceiro gol do Timão, o gol da virada: 3 a 2.
E ainda tinha tempo de acontecer mais coisas no jogo. A primeira, Marcos Roberto, importante por substituir Edmar na fase final, por conta da ausência do centroavante titular, que excursionava com a seleção brasileira numa viagem tosca pela Europa, quebrou o braço ao tentar cabecear uma bola e cair de mau jeito. Perdeu o restante do campeonato. O Corinthians terminou o jogo com nove jogadores em campo.
A outra, foi o pênalti criminoso do goleiro Rodolfo Rodrigues em Paulinho Carioca que o árbitro Arnaldo César Coelho não marcou. Criminosa entrada do goleiro uruguaio, merecia ser expulso de campo. Como sempre, os adversários sendo beneficiados pela arbitragem em jogos contra o Corinthians.
Com golaço de Biro-Biro, novo empate contra o time do Morumbi.
Passado esse jogo emocionante, Corinthians e São Paulo jogavam o jogo da volta, no Morumbi no domingo seguinte. O São Paulo, que manteve a frente, possuía um time melhor no papel, queria vencer o Timão para, praticamente, se garantir na final do campeonato. Para o Corinthians, era vencer ou vencer. Se não o fizesse, a classificação não mais dependeria de suas próprias forças.
Um jogo truncado, nervoso e cheio de polêmicas. Após abrir o placar com Edvaldo, o São Paulo reclamou muito do gol legal de Biro-Biro, que empatou o jogo.
O empate foi péssimo para o Corinthians.
O segundo jogo contra o Palmeiras foi, mais uma vez, numa quarta feira fria, dessa vez, no Morumbi. O Corinthians, mais uma vez, ressacado por conta de dois jogos alucinantes, andava em campo. O Palmeiras, que perdera o jogo passado para o Santos por 2 a 1 e dava adeus à classificação, queria aprontar para cima do Corinthians. E jogou muita bola. O Corinthians não viu a cor da bola, sinceramente. Mas, segurou o empate em 0 a 0, dessa vez, um 0 a 0 emocionante, diferente do anterior. Mas, o gol que o volante alvi-verde Lino perdeu, foi algo incrível de se acreditar. Sem goleiro, chutou de primeira, a bola explodiu no travessão, voltou no seu peito e morreu pela linha de fundo. Era a sorte de campeão chegando ao time de Parque São Jorge.
Apesar de não jogar bem, não faltou raça nas duas
partidas contra o rival.
Neste jogo, Carlos se machucou e saiu, abrindo vaga para Ronaldo, que terminou o campeonato como titular. Dagoberto foi o seu goleiro reserva. Carlos nunca mais vestiu a camisa do Timão.
Também neste jogo, no segundo tempo, aconteceu a estréia no time profissional do então garoto Viola, 19 anos, que estava voando nos juniores e na Copa João Saad, o campeonato de aspirantes, que acontecia como preliminar dos jogos naquela época.
No outro lado, o Santos, embalado pela vitória contra o Palmeiras, jogou tudo e mais um pouco e segurou o fortíssimo time do técnico Cilinho, do meia Raí e do atacante Muller.
E então, veio a rodada decisiva. Os dois jogos acontecendo no mesmo horário. Naquela época não tinha a malandragem imbecil de Luxemburgo, de atrasar a entrada em campo, para jogar sabendo o que acontecia no outro jogo. Naquela época, todos eram homens e honravam as camisas que vestiam.
No Pacaembu, numa tarde fria de domingo, o Corinthians enfrentava o Santos, que possuía remota chance de se classificar. No outro lado, no Morumbi, o São Paulo jogava por um empate contra o já desclassificado Palmeiras, que buscava lavar a sua honra, pois, nessa semi final, não havia vencido nenhum jogo até então.
Jogo tenso dos dois lados.
O Corinthians não encontrou dificuldades no primeiro tempo contra o Santos. Com um time melhor e jogando melhor, mais calmo e com um futebol convincente, abriu o placar, aos vinte minutos, com Éverton, completando um escanteio batido por Paulinho Carioca. Aos 36 minutos, num mesmo escanteio batido pelo mesmo Paulinho Carioca foi interceptado
Jogadores comemoram a classificação (Foto: Gazeta).
pelo zagueiro santista Nílson, que marcou contra. 2 a 0.

No Morumbi, um insistente 0 a 0, mas que mostrava que tudo podia acontecer naquele jogo, pois, como disseram os palmeirenses, o Palmeiras entrou em campo para vencer o jogo e lavar a sua honra.
O São Paulo mantinha as melhores oportunidades, mas o goleiro palmeirense Zetti, garantia o zero no placar com grande atuação.
No Pacaembu, a aflição da torcida só aumentava. Nem mesmo o pênalti que Ronaldo defendeu de Mendonça acalmou os ânimos da fiel, que não aguentou e gritou o nome de "Palmeiras, Palmeiras" na arquibancada. Sim, meus amigos, isso aconteceu. Uma mostra de que torcemos somente para o nosso clube e, se um time, seja qual for, precisar ganhar para beneficiar o Timão, então, torceremos por ele.
E parece que os gritos no Pacaembu chegaram no Morumbi. Passados quarenta minutos do segundo tempo, o Palmeiras investiu no ataque e, numa troca de bola entra Denis e Caçapa, este marcou o único gol do jogo, o gol da vitória palmeirense, que deu, ao Corinthians, a vaga na final do campeonato.


(continua...)

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